quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Samba descendo a serra

Ter pouco tempo para conhecer lugares novos (e grandes) termina por te colocar diante de algumas escolhas. Ou você curte o dia inteiro ou curte só uma pequena parte, para ter espaço de curtir à noite. Tudo bem, a idade já não ajuda muito a ficar dias seguidos dormindo somente duas horas por noite, reconheço essa limitação.

No caso, a pequena parte do dia foi ocupada por uma breve visita à UFRJ (Campus do Fundão). Tentei me inscrever em um seminário e não consegui. Nada demais. A visita foi interessante, especialmente por ter mostrado, uma vez mais, quais as prioridades do investimento em pesquisa de nosso país. O prédio da faculdade de letras, perdido no meio das ciências exatas, é no máximo um pequeno estorvo se comparado com a magnitude do centro de pesquisas da Petrobrás/UFRJ, cujas obras estão em fase de conclusão. Um país de todos, sabe como é aquela ladainha...

A parte da noite foi legal. Primeiro porque tive que apresentar a Lapa ao meu anfitrião na cidade. Segundo porque, por um erro de estratégia, não estávamos preparados para entrar em todas as casas noturnas – só as que trabalham com cartões. A mais legal só aceitava dinheiro vivo e se mexendo. Terminamos num samba. Ao menos um samba de qualidade. Ao menos um de nós gostava mesmo de samba. Ao menos um de nós se divertiu com força a noite.

Eu também me diverti. À minha maneira, no limite do meu estado de espírito. Como eu não passei da terceira caipirinha, não caí no samba. Mas o saldo é positivo – exceto os calos nos pés, a volta para casa depois de ficar uma hora e meia esperando a hora de pegar o ônibus para casa, descobrir que não guardamos dinheiro para a segunda condução e passar mais 40 minutos esperando que alguém acordasse para nos dar carona e ter perdido todo o dia seguinte dormindo. Parte em casa, parte no ônibus de volta para a civilização. Duas horas com a bunda pregada e curtindo o balanço das ruas campo grandenses. Acordei descendo a serra e fazendo um balanço, do qual resulta essa postagem. Encerro com a música que me veio à cabeça.

Boa leitura aos meus 2 ou 3 leitores!

Descendo a serra
Humberto Gessinger

Tô descendo a serra
Cego pela cerração
Salvo pela imagem
Pela imaginação
De uma bailarina no asfalto
Fazendo curvas sobre patins

Tô descendo a serra
Cego pela neblina
Você nem imagina
Como tem curvas esta estrada
Ela parece uma serpente morta
Às portas do paraíso

O inferno ficou para trás
Com as luzes lá em cima
O céu não seria rima
Nem seria solução
Um dia de cão
Um mês de cães danados
Ordem no caos
Olhos nublados
Um cão anda em círculos
Atrás do próprio rabo

Um dia de cão
Um mês de cães danados
Ordem no caos
Olhos cansados
Não há nada de novo
No ovo da serpente

É sempre a mesma stória
(é tão difícil partir)
É sempre a mesma stória
(é impossível ficar)
É sempre mais difícil dizer adeus
Quando não há nada mais pra se dizer

Um comentário:

  1. Pô véi muito boa a música e casa com a ocasião, esse papo de andar de pé no buzão!
    Ixiiii até rimou, oohh derrota kkkkkkk...

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