terça-feira, 30 de novembro de 2010

Três vezes Lapa: diálogos de uma noite carioca - Parte 2

Encontrei essa postagem pela metade, perdida nos meus rascunhos... Mesmo já sendo de um tempo relativamente distante, gostaria de compartilhar com meus 5 ou 6 leitores. Perdoem a imprecisão no relato de alguns detalhes, que ficaram vagos em minha memória. Devido ao tempo, recomendo a releitura do post Três vezes Lapa: diálogos de uma noite carioca - Parte 1, que termina onde este começa. Saudações!

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Entre a passagem do famigerado Selaron e a chegada de meu colega foram poucas cervejas. Eu e meu recém-amigo já estávamos bastante adiantados na conversa. Política, turismo, Rio, São Paulo, Alagoas e boa parte do nordeste já haviam passado por nossos comentários. A chuva estava arredia, ia e vinha o tempo todo - mais vinha do que ia, para ser mais preciso.

Mas os ânimos estavam em alta, a conversa seguia pulando de assunto em assunto e as mesas dos bares, ao contrário de esvaziar diante de tanta chuva, enchiam-se mais e mais. Os ponteiros já espreitavam a casa das 12, quando enfim, meu colega de telefone conseguiu dar conta de suas tarefas e veio ao encontro de brindes, mais e mais conversas sobre todos os assuntos já conversados e um princípio de novas amizades.

Algumas cervejas abaixo e, a convite do recém chegado, deixamos a paisagem da escadaria cuidadosamente ladrilhada para trás. Descemos a Joaquim Silva e, na Mem de Sá, nos aconchegamos em um bom bar, onde novas amizades nos aguardavam - assim as chamo, mesmo que tenham durado apenas uma noite.

Três horas passaram como se fossem 3 minutos. Pessoas agradáveis, conversas profícuas, assuntos os mais variados. Como é bom poder interagir para além de pequenos círculos! Ao final da noite ainda fui agraciado com um relaxante sofá cama... Minha homenagem, nessa breve postagem, aos meus amigos dessa chuvosa noite de diálogos cariocas!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Latinidade

De há muito que a América Latina povoa meus sonhos, fazendo com que, mesmo até hoje não a tendo, eu a deseje. Por ocasião da vida, às vezes esse desejo se senta, pacientemente, até que eu me desvencilhe dos meus impedimentos. Então ele volta. Recentemente, por ocasiões bem distintas, de artísticas a científicas, fui posto em contato com a literatura latino-americana. Então ele arde. Então, mesmo que ainda não a tenha, compartilho o pouco que tenho...

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Num bairro pobre de Lima, um grupo de mulheres organizou um mercado. Nele havia um gravador e alto-falantes, que apenas o administrador utilizava. Com a colaboração de um grupo de apresentadores, as mulheres do mercado começaram a usar o gravador para saber o que os habitantes do bairro pensavam sobre o mercado, para tocar música nas festas e para outros fins. Até que a censura se apresentou, na figura de uma religiosa que ridicularizou o jeito de falar dessas mulheres e condenou a ousadia de pessoas que, "sem saber falar", atreviam-se a usar os alto-falantes. Provocou-se assim uma crise; durante algumas semanas, as mulheres não quiseram saber mais do caso. Algum tempo depois, porém, o grupo de mulheres procurou os apresentadores e afirmou: "Pessoal, a gente descobriu que a religiosa tem toda razão; a gente não sabe falar, e nesta sociedade quem não sabe falar não tem a menor possibilidade de se defender nem pode nada. Mas a gente também passou a entender que, com a ajuda desse aparelhinho aqui - o gravador -, a gente pode aprender a falar". Desde esse dia as mulheres do mercado decidiram começar a narrar suas próprias vidas; deixando de usar o gravador apenas para escutar o que os outros diziam, elas passaram a usá-lo para aprender a falar por si próprias.

- Jesus Martín-Barbero

domingo, 7 de novembro de 2010

Seção 3x4

Longo tempo sem postar, então voltarei devagar, pra não acelerar demais logo na saída e perder o fôlego no decorrer da vida do blog. Aos poucos, retomarei mais postagens. Por hora, uma Seção 3x4 pra colocar as coisas em movimento.


Vi e recomendo 1




Seu Chico é uma banda pernambucana que trabalha exclusivamente com o repertório de Chico Buarque, fazendo uma releitura sonora interessante dos clássicos do compositor paulistano. A banda está fazendo uma temporada em Sampa City, para a sorte dos paulistanos. Se ela passar por aí, não deixe de ir! Até eu, que só conheço superficialmente as músicas do Chico, me diverti à beça!

Vi e recomendo 2




Golpe de Estado é daquelas bandas que mesmo não tendo alcançado os holofotes de um Titãs, carregam fãs pro resto da vida. E com um vigor sonoro inconfundível das bandas de rock n' roll oitentistas! A propósito, o instrumental da banda é impecável, mas confesso que esperava mais dos vocais... Mas não importa, vale a pena curtir o som dos caras, que acabaram de completar 25 anos de estrada!