sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O X da questão

Peculiaridades de um país continental... não é novidade para ninguém a quantidade quase incomensurável de sotaques, trejeitos, gírias e expressões características de cada região do Brasil. Conviver um pouco com essas múltiplas possibilidades das linguagens é uma experiência no mínimo interessante. Creio que enriquecedora é o mais apropriado. Por outro lado, algumas situações de estranhamento são inevitáveis. Minha visita ao Rio de Janeiro mostrou isso com grande clareza.

Pois bem, descobri que meu irmão já é praticamente um carioca da gema. O carioquês é aquele dialeto que aboliu o S de todas as palavras, exceto as sílabas que iniciam com S, claro. Não que outras culturas nacionais não o façam. Alagoas e, principalmente, Pernambuco fazem o mesmo com o pobre S. Desafortunada letra que foi substituída pelo X. Por sinal, a pronúncia dessa letra, em carioquês, é xixxx - sim, tem mais xis no final do que no começo. Mas no caso dos cariocas, o buraco é mais embaixo. Chega a ser incômodo, soa forçado em muitos casos e, felizmente, não é o caso do meu consaguíneo.

Pior do que isso? Perceber-se em meio a uma espécie de adaptação inconsciente ao modo de falar daquele local. Não que eu tenha adotado o X. Mas alguns aspectos da entonação de certas palavras e expressões me surpreenderam quando saíram de minha própria boca, mesmo que ainda muito tímidas. O engraçado é que isso te torna um expatriado em qualquer lugar que seja. Em Alagoas eu tenho um leve sotaque fluminense, nos estados do sudeste tenho sotaque de alagoano. Adoro a mistura, são 16 anos em terras flumineses e quase 13 em terras caetés, o equilíbrio é quase natural.

Estou muito à vontade com as adaptações, na verdade. Mas sinto não poder fazer muita coisa quanto a isso. Quando é possível perceber, já aconteceu. Tenho até me policiado, não tenho mesmo interesse em assassinar o pobre S. Nada de fix, goxto, excuto, afaxto, mextre... Aos meus 2 ou 3 leitores, façam-me o obséquio de me alertar, caso eu mesmo não o faça!

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