Essa breve postagem era pra ser um comentário sobre uma inquietação da amiga Ludmila, postada na rede Facebook. Como ficou grande e eu introduzi uma segunda discussão, postei aqui no blog. Trata da forma como alguns noticiários quantificam que tragédia foi a maior da humanidade etc.
Pois bem... li uma das notícias do UOL ontem sobre o caso... tratava-se mais de uma transcrição do que uma matéria. A questão veio pelos comentários postados abaixo. Lá essa discussão quantificadora descambou para a questão do comunismo (com inúmeras citações das atrocidades do Stálin e outros da mesma linha), uma vez que o Obama colocou tudo numa vala comum. Acabou que ficaram duas discussões coexistindo... de um lado a defesa do ideário comunista sem entrar na discussão numérica (que era desnecessária, dado o número de pessoas que morre de fome e falta de água todo ano, vítimas da acumulação de riqueza, superar todas as guerras e terrorismos), do outro o "quem mata mais" cheio de citações ao "comunismo" chinês e soviético pós-guerra.
Tendo em vista as duas discussões, pra mim a questão que está colocada é bem objetiva: diante do fato de que as experiências soviética e chinesa tenham resultado em tanta atrocidade quanto à do próprio capitalismo, devemos deixar de lutar por uma nova forma de sociedade, não baseada na exploração e acumulação de riqueza?
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
domingo, 11 de setembro de 2011
Enquanto isso, numa escola pública...
Ultimamente, os governos alardeiam melhorias na educação do país, do estado etc. Fazem-no tanto por propaganda direta, quanto pelo criterioso noticiário televisivo-burguês. Pois dia desses, durante uma série de visitas a escolas públicas da rede
estadual, na capital paulista, me deparei com o aviso da foto abaixo.
Então, só pra não deixar quieto o que essa dupla mídia-governo varre para debaixo do tapete, segue uma breve lista de escolas, institutos e universidades que ou estão em greve, ou com reitorias ocupadas, ou em intenso processo de mobilização contra o desmonte e a precarização da educação no país:
Universidade Federal do Paraná
Universidade Federal de Santa Catarina
Universidade Federaldo Espírito Santo
Universidade Federaldo Rio Grande do Sul
Universidade Federal Fluminense
Universidade Federal de Alagoas
Universidade Federal de São Paulo
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Universidade Federal do Mato Grosso
Universidade Federal do Piauí
Universidade Estadual de Maringá
Instituto Federal da Bahia
Instituto Federal de Alagoas
Então, só pra não deixar quieto o que essa dupla mídia-governo varre para debaixo do tapete, segue uma breve lista de escolas, institutos e universidades que ou estão em greve, ou com reitorias ocupadas, ou em intenso processo de mobilização contra o desmonte e a precarização da educação no país:
Universidade Federal do Paraná
Universidade Federal de Santa Catarina
Universidade Federaldo Espírito Santo
Universidade Federaldo Rio Grande do Sul
Universidade Federal Fluminense
Universidade Federal de Alagoas
Universidade Federal de São Paulo
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Universidade Federal do Mato Grosso
Universidade Federal do Piauí
Universidade Estadual de Maringá
Instituto Federal da Bahia
Instituto Federal de Alagoas
sábado, 3 de setembro de 2011
Baseado em papos reais...
Dia desses, no horário do almoço, eu ouvia a conversa de dois trabalhadores de uma universidade pública com particular atenção. Em primeiro lugar porque o assunto, como era discutido, era em si interessante. Em segundo porque as mesas do Restaurante Universitário proporcionam esse tipo de contato - por sinal, um tipo de contato que tem feito cada vez mais falta à geração internet.
Um aparentava algo em torno de 40 anos, um negro de fala serena, mas firme. O outro, um pouco mais velho, talvez na casa dos 50, era um pouco mais ríspido na fala, tinha a aparência um pouco mais castigada e com um grande óculos de grau de armação antiga. Foi ele quem começou a conversa...
- Tem ido às reuniões do Sindicato?
- Fui na última que teve - respondeu o colega. Ao meu lado estava sentada uma senhora de quase 60 anos, também trabalhadora da universidade, que também prestava atenção ao que diziam.
- E o que foi que discutiram?
Nessa hora, minha atenção havia sido capturada, mas resolvi não participar da conversa, para ver aonde ela levaria. O trabalhador seguiu inquirindo o colega...
- Discutiram alguma coisa sobre carreira?
- Sim, discutiram.
- E aí?
- E aí que eu penso que a categoria já sofreu tanto ataque, que é normal ficar desconfiado do que foi proposto.
Enquanto o colega respondia, lembrei das várias vezes em que participei, de uma forma ou de outra, de acontecimento parecido, em que alguém se priva do direito de participar dos espaços coletivos e depois pergunta aos que foram sobre o que foi tratado. Eu já ia alto em meus pensamentos, lembrando de como os trabalhadores assumem pra si um punhado de ideias que surgem não entre eles próprios, mas daqueles que eles enfrentam, quando o senhor da voz ríspida disparou...
- É, mas tem que ver o seguinte. Tirando os servidores de uma categoria aí, a nossa é a segunda que tem o melhor salário do Estado.
Dois ou três segundos transcorreram até que o homem de voz serena lhe respondesse. O suficiente para que eu ficasse em ebulição, esperando pela resposta. Imaginei um sem número de respostas possíveis, das mais agressivas às mais tangenciais. Como eu responderia àquela afirmação, da qual discordava visceralmente? Discordava não do fato de que aqueles trabalhadores tivessem o segundo maior salário, como ele havia dito. Mas da impregnação ideológica que aquelas palavras carregavam. Fui interrompido pela fala serena e, agora, muito mais firme, do trabalhador negro...
- Isso só foi possível, companheiro, porque a nossa categoria é de luta!
Voltei para casa leve como há vários dias não estava. Não antes de ver o inquisidor recuar no que havia dito e recuperar, em sua própria memória, todos os atos de luta que possibilitaram a ele aquela condição. Quisera eu ouvir algo assim em cada espaço apertado que frequento.
Bom fim de semana!
P.S.: eu sei, fazia tempo que não postava. Não sei se agora estou voltando ou se foi só um rompante, mas enfim... see yah!
Um aparentava algo em torno de 40 anos, um negro de fala serena, mas firme. O outro, um pouco mais velho, talvez na casa dos 50, era um pouco mais ríspido na fala, tinha a aparência um pouco mais castigada e com um grande óculos de grau de armação antiga. Foi ele quem começou a conversa...
- Tem ido às reuniões do Sindicato?
- Fui na última que teve - respondeu o colega. Ao meu lado estava sentada uma senhora de quase 60 anos, também trabalhadora da universidade, que também prestava atenção ao que diziam.
- E o que foi que discutiram?
Nessa hora, minha atenção havia sido capturada, mas resolvi não participar da conversa, para ver aonde ela levaria. O trabalhador seguiu inquirindo o colega...
- Discutiram alguma coisa sobre carreira?
- Sim, discutiram.
- E aí?
- E aí que eu penso que a categoria já sofreu tanto ataque, que é normal ficar desconfiado do que foi proposto.
Enquanto o colega respondia, lembrei das várias vezes em que participei, de uma forma ou de outra, de acontecimento parecido, em que alguém se priva do direito de participar dos espaços coletivos e depois pergunta aos que foram sobre o que foi tratado. Eu já ia alto em meus pensamentos, lembrando de como os trabalhadores assumem pra si um punhado de ideias que surgem não entre eles próprios, mas daqueles que eles enfrentam, quando o senhor da voz ríspida disparou...
- É, mas tem que ver o seguinte. Tirando os servidores de uma categoria aí, a nossa é a segunda que tem o melhor salário do Estado.
Dois ou três segundos transcorreram até que o homem de voz serena lhe respondesse. O suficiente para que eu ficasse em ebulição, esperando pela resposta. Imaginei um sem número de respostas possíveis, das mais agressivas às mais tangenciais. Como eu responderia àquela afirmação, da qual discordava visceralmente? Discordava não do fato de que aqueles trabalhadores tivessem o segundo maior salário, como ele havia dito. Mas da impregnação ideológica que aquelas palavras carregavam. Fui interrompido pela fala serena e, agora, muito mais firme, do trabalhador negro...
- Isso só foi possível, companheiro, porque a nossa categoria é de luta!
Voltei para casa leve como há vários dias não estava. Não antes de ver o inquisidor recuar no que havia dito e recuperar, em sua própria memória, todos os atos de luta que possibilitaram a ele aquela condição. Quisera eu ouvir algo assim em cada espaço apertado que frequento.
Bom fim de semana!
P.S.: eu sei, fazia tempo que não postava. Não sei se agora estou voltando ou se foi só um rompante, mas enfim... see yah!
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